Fratura radicular em incisivos permanentes

As fraturas radiculares são muito raras dentre as modalidades de trauma, e sua incidência na dentição permanente é de 0,5 a 7% dos casos. Estas lesões traumáticas normalmente atingem a região anterior, envolvendo em maior porcentagem os incisivos centrais superiores. Para um correto tratamento dos casos de fratura radicular, é necessário promover um cuidadoso diagnóstico e acompanhamento em longo prazo, com um enfoque conservador, no sentido de se preservar a vitalidade pulpar. Variáveis que envolvem desde a extensão da lesão, capacidade de reparo da polpa e do periodonto, e tratamento imediato, estão intimamente relacionadas com o tipo de reparação. Dentes vítimas de fratura radicular têm sua manutenção prolongada em muitos casos, quando tratados e acompanhados adequadamente.

Introdução

Crianças e adolescentes são as vítimas mais freqüentes de trauma dentário, sendo os principais fatores etiológicos: quedas de bicicletas, patins, skates, acidentes automobilísticos, prática desportiva, e agressões físicas.

As fraturas radiculares de dentes permanentes acometem em sua maioria a região anterior, pois normalmente estão associadas a impacto frontal sobre a coroa dental, mas atingem também cemento, dentina, polpa e ligamento periodontal, sendo determinante para o sucesso, a rapidez e a qualidade do tratamento imediato.

Revisão da Literatura

Desde o inicio do século XX, as fraturas radiculares despertavam interesse aos pesquisadores. Austin (1930), observou que as fraturas radiculares não necessariamente levam à perda imediata.

Andreasen & Hjorting (1967), avaliaram clínica e radiograficamente 50 fraturas radiculares intra-alveolares, por um período que variou de 2 meses a 13 anos. A reparação encontrada foi classificada em 4 categorias: a) cicatrização com tecido calcificado, b) cicatrização com interposição de tecido conjuntivo, c) cicatrização com interposição de osso e tecido conjuntivo, d) cicatrização com interposição de tecido de granulação. Observou-se que o grau de deslocamento do fragmento coronal influenciava negativamente o prognóstico, enquanto que a perfeita aproximação dos fragmentos aumentava as chances de um bom prognóstico. 
Andreasen & Andreasen (1988), observaram que a radiografia oclusal facilita a evidenciação de fraturas radiculares no terço apical e que a radiografia tomada pela técnica da bissetriz foi o melhor método para detectar fraturas radiculares localizadas no terço cervical.